Artigos de
Marcelo Arruda Camargo
Marcelo Arruda Camargo
Após escrever sobre a nobre missão de ser pai/mãe, desta vez tratarei de qual deve ser minha retribuição como filho, depois de ter recebido todo amor e atenção, desde bebe, até a fase adulta. Meus pais são idosos. O que fazer?
o envelhecimento faz par te do curso natural da vida e acontecerá a todos nós, se não morrermos antes de atingir idades mais avançadas. Com a maturidade, o ser humano adquire maior conhecimento e segurança para dirigir o seu próprio destino. Por outro lado, o tempo limita as condições motoras do corpo físico e surgem as preocupações com as doenças, que passam a acontecer com frequência cada vez maior, fazendo se necessário um cuidado ainda mais acentuado.
Ensina Allan Kardec, no capitulo 14 de O Evangelho Segundo o Espiritismo, que a piedade filial não pode ser negligenciada, uma vez que se encontra implícita no mandamento: “Honrai a Vosso pai e a vossa mãe”. Honrá-los, outra coisa não é, senão “respeitá-los, assisti-los nas necessidades, proporcionar lhes repouso na velhice, cerca- los de cuidados como eles fizeram conosco, na infância”.
“Sobretudo para com os pais sem recursos continua Kardec -“é que se demonstra a verdadeira piedade filial. (…) Os filhos não devem a seus pais pobres só o estritamente necessário devem-lhes também, na medida do que puderem, os pequenos nadas, os supérfluos, as solicitudes, os cuidados amáveis, que são apenas o juro do que receberam, o pagamento de uma dívida sagrada. Unicamente essa é a piedade filial grata a Deus”, conclui.
É corriqueiro com o envelhecimento surgirem conflitos entre os filhos quando a situação dos pais passa a exigir-lhes novas responsabilidades, cuidados e paciência. E, ao buscarem livrar-se do problema, em vez de acolher aqueles que lhes deram a oportunidade da reencarnação, causarão mágoas, dissabores e ingratidão, que poderão ultrapassar a barreira da vida física.
Aqui cabe uma ponderação: quando eu tinha cinco anos de idade e já entendia tudo ao meu redor, apesar de não dar conta sozinho de cuidar de minha vida se meus pais tivessem me deixado em uma creche e só me visitassem as vezes, eu iria gostar? Sentiria saudades? Então, qual o motivo de abandonarmos os idosos em asilos? Que exemplo estou dando para meus filhos?
Nada mais digno, pois, do que procurar compreende-los e tudo fazer para tornar a vida deles mais agradável, proporcionando-lhes contentamento, para que cumpram o que resta de sua encarnação sem tristeza ou depressão
Para nossa reflexão, deixo o Poema do Idoso, de autoria desconhecida:
Se meu andar é hesitante e minhas mãos trêmulas, ampare-me.
Se minha audição não é boa, e tenho de me esforçar para ouvir o que você está dizendo, procure entender me. Se minha visão é imperfeita e o meu entendimento escasso, ajude me com paciência.
Se minha mão treme e derrubo comida na mesa ou no chão, por favor, não se irrite, tentei lazer o que pude.
Se você me encontrar na tua, não faça de conta que não me viu. Pare para conversar comigo. Sinto-me só se você, na sua sensibilidade, me ver triste e só, simplesmente partilhe comigo um sorriso e seja solidário,
Se te contei pela terceira vez a mesma história num só dia, não me repreenda, simplesmente ouça-me.
Se me comporto como criança, cerque-me de carinho. Se estou doente e sendo um peso, não me abandone. Se estou com medo da morte e tento negá-la, por favor, ajude-me na preparação para o adeus.
Peço licença para dedicar este texto à minha amada vó, apelidada carinhosamente por mim, com seu consentimento e alegria, de “gravador disparado quando repetia muito o que já havia falado. A ela, minha eterna gratidão e amor pleno.
Que Jesus nos abençoe, agora e sempre!
Nobre missão de ser pai ou mãe com responsabilidade e amor
Marcelo Arruda Camargo
A questão 582 de O Livro dos Espíritos nos ensina que “Deus colocou o filho sob a tutela dos pais, a fim de que estes o dirijam pela senda do bem, e lhes facilitou a tarefa dando àquele uma organização débil e delicada, que o torna propício a todas as impressões”.
A maternidade e a paternidade se constituem verdadeiras missões. Educar os filhos é uma tarefa deveras desafiadora. No entanto, revela-se nobre e gratificante, pois, através dela, se bem cumprida, poderemos influenciar os descendentes para o caminho do bem.
O Espírito que nasce como filho, encaminhado a nós, pode ser um amigo do passado, ou alguém que necessita da reconciliação, como oportunidade de reconstruir uma nova história com seus pais.
Em ambos os casos, entretanto, devem os genitores desenvolver o seu melhor papel.
A esse respeito, a pergunta 208 de O Livro dos Espíritos nos explica que “o Espírito dos pais tem a missão de desenvolver o dos filhos pela educação; isso é para eles uma tarefa. Se nela falhar, serão culpados.”
Faz-se necessário ponderar, também, que os laços de família não se verificam por acaso,há uma Lei Divina, comandando o destino e a união dos Espíritos na vida corpórea.
Sobre o assunto, vale a pena relembrar uma parte do conhecido poema ditado pelo espírito Hammed (psicografia de Francisco do Espírito Santo Neto), do livro Um Modo de Entender, que nos consola:
“Nasceste no lar de que precisavas. Vestiste o corpo físico que merecias.
Moras no melhor lugar que Deus poderia te proporcionar, de acordo com teu adiantamento.
(…) Teus parentes e amigos são as almas que atraíste com tuas próprias afinidades.”
O que fazer, então, para enfrentar o desafio e a bênção de ser pai, ou de ser mãe, damelhor maneira possível?
Os pais cumprem o papel de proteger os filhos em sua fragilidade dos primeiros anos e de despertar sua consciência para o amor ao bem e à verdade. E, diante de uma missão tão complexa, não estão sozinhos na tarefa de bem educá-los. Contam com a família, os professores, especialistas de muitas áreas, além da indispensável inspiração dos Amigos Espirituais e dos Anjos Guardiões. A prece é um excelente instrumento ao alcance deles a qualquer momento.
De acordo com os ensinamentos da doutrina espírita, devem preparar-se, desde a gestação, com equilíbrio, carinho, pensamentos positivos, para receber o Espírito que Deus, com todo o amor e sabedoria, designou como filho, ou filha.
Nasceu? Assim que tiver a liberação médica, levá-lo para a escola de evangelização, onde receberá, com os pais, toda a assistência necessária.
Na infância, dar-lhes atenção e amparo, em suas dúvidas e dificuldades, estabelecendo uma relação de confiança mútua, sem esquecer de impor-lhes os limites necessários ao seu próprio bem e ao de toda a sociedade. E, ainda, ensinar-lhes, por exemplo, que os bens espirituais estão acima dos bens materiais temporários, explicando-lhes a importância de ter fé e perseverança, pois Deus nunca nos desampara.
Na adolescência, o esclarecimento sobre a Lei de Causa e Efeito (que colhemos o que plantamos), o diálogo aberto e sincero, a firmeza moral, o exemplo e o amor dilatado em todos os sentidos são instrumentos que os pais podem adotar para conseguirem cumprir seu propósito, sem nos esquecer de que a tolerância deve fazer-se presente nos momentos difíceis.
Cumprindo essas etapas, tenhamos a certeza de que a sementinha que foi plantada no coração de cada filho germinará, na época oportuna, auxiliando-o, decisivamente, na conquista do progresso em todos os campos.
Em nome de Jesus, em defesa da doutrina espírita
Marcelo Arruda Camargo
Prezados (as) leitores (as), diante dos tristes e graves acontecimentos recentes ocorridos em nosso estado de Goiás, vinculados à cidade de Abadiânia, com grande repercussão na mídia nacional e internacional, decidimos registrar alguns pontos objetivos sobre a Doutrina Espírita, a mediunidade e sua prática, bem como o funcionamento de um centro espírita bem-orientado, dentro dos preceitos espíritas, visando a uma melhor compreensão do tema para comunidade não espírita, muitas vezes carente de informação.
Necessário entendermos que Espiritismo foi um termo criado por Allan Kardec, quando da codificação da Doutrina Espírita a partir do ano de 1855, depois de um trabalho muito criterioso, através do raciocínio e da experimentação séria, e firmada essencialmente no crivo da razão, no seu tríplice aspecto de ciência, filosofia e religião, veio para explicar os fatos que sempre existiram, desde o princípio da humanidade terrena, como: mediunidade, que independe de credo religioso, a comunicação com o mundo espiritual, a sobrevivência do espírito, etc.
As obras básicas, que sintetizam o Espiritismo, editadas pelo Codificador, sempre com o auxílio dos Espíritos Superiores, conhecidas também como Pentateuco Kardequiano seguido de seus anos de publicação são: O Livro dos Espíritos (1857); O Livro dos Médiuns (1861); O Evangelho segundo o Espiritismo (1864); O Céu e o Inferno (1865); A Gênese (1868).
E, de acordo com a classificação de alguns estudiosos, os princípios básicos da Doutrina Espírita podem ser divididos em seis, quais sejam: 1) Deus; 2) a existência e a sobrevivência do espírito; 3) a evolução dos Espíritos; 4) a reencarnação (possibilidade de o Espírito retornarà vida material, por meio de um novo corpo humano, para continuar o processo de evolução); 5) a pluralidade dos mundos habitados; e 6) a mediunidade.
Um dos pontos básicos do médium espírita é o estudo da doutrina espírita, para maior compreensão, sintonia com Jesus e os benfeitores espirituais, para melhor servir à causa do Cristo.
A nobre benfeitora encarnada, Sra. Mércia Aguiar, incansável trabalhadora, seguindo sempre as pegadas de Jesus, há mais de sessenta anos, na senda do bem e nas atividades espíritas, em seu livro Fé, Esperança e Alegria, ensina-nos:
“Estranha religião, o espiritismo, dirão alguns que estejam habituados às cerimônias pomposas. O espiritismo é uma doutrina pura, virgem de fanatismo, filosofia que não se apoia em mitos, religião que torna verdadeiramente feliz o ser humano, ao provar com fatos e de maneira categórica e insofismável, a imortalidade da alma. Proporciona uma fé lúcida e indestrutível, que dá forças para suportar com dignidade todas as atribulações da existência planetária, impelindo o ser humano a trilhar o caminho do dever e da bondade, consoante o que ensina a sublime e gloriosa doutrina cristã.”
Especificamente em relação à mediunidade, Divaldo Franco, em sua obra Divaldo Franco Responde – Volume 1, esclarece-nos que:
“Ser médium é possuir uma faculdade que permite o intercâmbio com os Espíritos. Essa faculdade é muito conhecida na história da humanidade desde épocas mui recuadas, nas quais recebeu diferentes denominações, desde profetismo até as referências como paranormalidade, mediunidade. É inerente a todas as criaturas humanas, radicando-se no organismo, conforme elucidação do Codificador do Espiritismo”.
Sendo assim, Divaldo confirma o entendimento de que todo ser humano, independentemente de sua religião, costumes, de crer, ou não na Doutrina Espírita e em seus princípios, possui um grau de mediunidade, que se manifesta, cotidianamente, por exemplo, pelos encontros e diálogos, através dos “sonhos”, que temos com pessoas que já se encontram no plano espiritual, ou por inspirações/premonições sobre fatos que nem passavam pela nossa mente quando elas surgiram.
Já nos médiuns mais ostensivos, ela se manifesta pelas mais variadas formas, de acordo com a sensibilidade de cada médium, ou seja, pela vidência ou audição de seres desencarnados pela psicografia (que é a capacidade de o medianeiro RECEBER mensagens, cujo modelo maior podemos citar o venerável Chico Xavier, que psicografou mais de 450 livros com ensinamentos sublimes, além das incontáveis cartas consoladoras de Espíritos, para seus entes queridos, os quais continuaram aqui na Terra); pela psicofonia (fenômeno mediúnico que o Espírito desencarnado se comunica pela voz do médium); psicopictografia (pintura mediúnica); pela mediunidade de cura (a este respeito, Allan Kardec, em O Livro dos Médiuns, 2ª parte, cap. XVI, item 189, registra: “Médiuns curadores – Os que têm o poder de curar ou de aliviar os males pela imposição das mãos ou pela prece. Esta faculdade não é essencialmente mediúnica pois todos os verdadeiros crentes a possuem, quer sejam médiuns atuantes ou não. Frequentemente, não é mais do que a exaltação da potência magnética, fortalecida em caso de necessidade pelo concurso dos Espíritos bons”), entre outros tipos.
Exposto isso, vamos a um ponto mais complexo, porém, essencial para que os objetivos nobres de Deus, de Jesus e dos benfeitores espirituais sejam alcançados, qual seja, a responsabilidade e a conduta proba, direita, e honesta do médium, para, com isso, conseguir sintonizar-se com os Espíritos elevados e terem êxito, em conjunto, nas tarefas que se propõem a executar.
A esse respeito, a Sra. Mércia Aguiar, que também é uma médium exemplar, atuante na seara de Jesus, em sua obra já citada, com propriedade, dá-nos uma aula completa de como exercer o mandato mediúnico, em benefício de nossos irmãos, momentaneamente mais necessitados do que nós:
“Médiuns cristãos, não passem distraídos diante da dor do seu próximo, procure sempre encontrar nos semblantes que o sofrimento descobriu, e nas vozes fatigadas, o amado Jesus, nosso mestre crucificado”. Nas multidões de aflitos e infortunados procure encontrar a familia universal. Quantos deles acalentaram esperancas e sonhos iguais aos seus, contudo, sem oportunidade de realização.
[…] Medite nesta grande verdade: as mãos hoje libertas por você dos grilhões da miséria, podem ser aquelas que amanhã chegarão livres e luminosas em seu auxílio. Lembre-se de que, em cada coração desventurado, Jesus te espera em silêncio, em cada curva do caminho está a te esperar.
[…) Avante Médium! O Cristo te entregou o lume da mediunidade, e carece que este lume não se extinga pela falta de uso. Saia a clarear os caminhos e acolher no coração a humanidade sofredora. A responsabilidade é grande no campo mediúnico e doutrinário. Agradeça a Deus a oportunidade de estar colocado na posição de dar, de oferecer o pão espiritual.
Pois pode acontecer que passe ao papel de necessitado, por ter cometido o erro de não distribuir o tesouro fabuloso dos ensinamentos que te foram outorgados pela sabedoria Divina, para que sua palavra e ação cobrissem a humanidade necessitada.
Que não fique para amanhã o que você deve fazer hoje. Pois pode acontecer ainda esta noite, você ser chamado de volta à vida maior, e lamentavelmente chegar ao ajuste Divino sem ter multiplicado o tesouro a você ofertado. Médiuns cristãos:
Que possas com amor exterminar o ódio.
Onde a força clamar, seja a mansuetude vitoriosa.
Na dúvida, leve a fé.
No desespero, faça que surja a esperança.
Na tristeza, faça brotar a alegria. Nas trevas, acenda a luz.
Nas calúnias, faça imperar a verdade.
E acrescento uma reflexão: quem é médium o é 24h (vinte e quatro horas) por dia. Então, estudemos continuamente a literatura espírita edificante, e fiquemos atentos à vigilância e à oração, para realizarmos o auto aperfeiçoamento e nunca, jamais, deixemos de seguir esses ensinamentos sublimes, ora transcritos, não só para o auxílio dos necessitados, mas, em especial, para o nosso próprio bem, pois, com absoluta certeza, somos os maiores beneficiados.
Sobre isso, veja-se a lição trazida em O Evangelho Segundo o Espiritismo, no capítulo 17, item 04: “Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua TRANSFORMAÇÃO MORAL e pelos esforços que faz para dominar suas más tendências”. Para isso, “O Homem não deve procurar elevar-se acima do homem, mas acima de si mesmo, aperfeiçoando-se”, como nos ensina o mencionado livro, em seu capítulo 03, item 10.
Cabe, neste instante, um questionamento: onde essas atividades mediúnicas devem ser realizadas?
Toda a assistência espiritual se dá nas dependências do centro espírita, em atendimentos coletivos e, quando necessário ser feito em reserva, nunca o é a portas trancadas, tendo em vista o centro espírita ser o local previamente preparado, pela equipe espiritual, para dar o apoio a todas as necessidades dos frequentadores, seja por meio da recepção fraterna, do estudo do Espiritismo, do passe magnético, dos tratamentos de desobsessão, da água fluidificada, etc. Tudo, frise-se, com simplicidade, disciplina, sem misticismos, imagens ou qualquer ritual específico e, o principal, sem cobranças de qualquer ordem. Outro aspecto relevante é que o paciente com problemas físicos nunca deve abandonar o tratamento médico, pois esse, em conjunto com o espiritual, produz ótimos resultados.
Outro ponto importante a ser comentado é que, de acordo com a Doutrina dos Espíritos, não existem milagres, pelo simples fato de não haver fatos sobrenaturais e sem a possibilidade de serem explicados, pois a Justiça Divina nos auxilia por igual e segundo nossos méritos. Jesus, quando esteve encarnado em nosso planeta, realizou fenômenos mediúnicos, em benefício da humanidade, e isso é importante ser salientado, para aqueles que, em um momento difícil, de doença física ou mental própria, ou de um ente querido, tenham a cautela necessária, para não serem levados a acreditar em acontecimentos contrários às Leis Naturais (Leis de Deus).
A manutenção material do templo, que envolve muitas vezes altos custos financeiros, inclusive com funcionários e materiais necessários, ao bom funcionamento do centro, vale ressaltar, são assumidos pelos médiuns do centro e/ou alguns frequentadores sensíveis á causa do bem, que espontaneamente, dispõe-se a dar sua contribuição, haja vista que o espírita não tem a religião como profissão, trabalha durante o dia profissionalmente para cumprir os seus compromissos financeiros e sociais, e à noite vai ao centro espírita harmonizar-se com as energias divinas.
Quando bem-orientado, o centro espírita é um avançado pronto-socorro, onde o espírito enfermo, seja encamado ou desencarnado, recebe ajuda, através da assistência às chamadas doenças da alma. Em caso contrário, quando os indivíduos se desviam dos princípios cristãos, muitas vezes se autointitulando como médiuns, apóstolos, ministros, missionários, com a intenção de amealhar bens materiais, ou de satisfazer seus instintos primitivos, a exemplo da vaidade, orgulho, prepotência, arrogância, etc., os benfeitores espirituais deles se afastam, por respeitar o seu livre-arbítrio, e outras entidades das sombras se aproximam, transformando aquele médium em um joguete.
Um grupo espírita que busca fazer o bem deve pautar-se no amor, na caridade (pois fora da caridade não há salvação, sábia afirmativa de Kardec), no auxílio anônimo e desinteressado, objetivando a evolução de todos, em conjunto, uns de mãos dadas com os outros, sem egoísmo e num elo de amor, de modo algum em busca de reconhecimento ou recompensas.
O primordial é a nossa intenção e disposição para trabalhar em nome do Cristo, procurando fazer o bem, pois a lei de causa e efeito (continuidade da responsabilidade do Espírito, pelos atos por ele praticados, durante sua existência eterna) é infalível e nossa consciência nos devolverá tudo o que tivermos feito de bom, ou de ruim aos nossos irmãos de caminhada evolutiva. E, como diz o conhecido ditado: “O plantio é opcional, porém, a colheita obrigatória” – simples e justo assim.
No Grupo de Edificação Espírita, local que frequento, desde 1987, localizado na região noroeste de nossa capital, temos como referência os ensinamentos do Cristo e no final das reuniões públicas, no momento de aplicarmos o passe magnético, nos frequentadores presentes, o coordenador responsável sempre diz: “Em nome de Jesus”, para que possamos sintonizar com Ele, nosso modelo e guia, além de sinalizar o momento em que os médiuns devem erguer as mãos para doação dos fluidos.
Escrevi este singelo texto, também em nome de Jesus, e em respeito profundo ao Espiritismo, para mim, uma doutrina abençoada de amor, com a qual aprendo muito, a cada dia.
Com grande respeito, conclamamos a todos os filhos de Deus, em especial, aos médiuns, a não nos desviarmos dos ensinamentos do Mestre, tendo como norte a frase: “Dai de graça o que de graça recebeste”. Palavras de Jesus. (Mateus 10:8).
Muita paz a todos!

Marcelo Arruda
A etimologia da palavra “aborto” vem do latim e transmite a ideia de privação do nascimento.
Sob o ponto de vista clínico, por aborto ou abortamento se entende a interrupção, voluntária ou não, da gravidez com a morte do produto da concepção: antes que esta complete 20 semanas; quando o peso fetal for menor que 500 (quinhentos) gramas; ou, ainda, quando o feto medir até 16,5 cm. É classificado clinicamente em:
– aborto espontâneo: o qual decorre de um processo natural, devido a alterações patológicas maternas ou fetais;
– aborto induzido: é o realizado pelo médico, de acordo com as situações permitidas pela lei (nos casos de estupro, risco de vida da gestante e para os fetos anencéfalos); e, por fim, o
– aborto provocado (ou criminoso): que decorre da interrupção da gestação em situações não permitidas pela nossa legislação.
Conforme o entendimento jurídico, o aborto é compreendido como a interrupção da gestação com o intuito de morte fetal, independente da idade gestacional. Excetuando-se as situações acima mencionadas, é considerado crime, sendo tipificado nos artigos 124 a 127 do Código Penal Brasileiro.
De acordo com a doutrina espírita, por sua vez, o aborto é a morte do ovo, embrião ou feto, ou seja, a interrupção da gestação, desde a concepção até o parto. É um grave problema que põe em risco a estabilidade física, psíquica e espiritual dos pais, daquele que o comete, bem como dos que o incentivam, favorecem ou apoiam, trazendo consequências trágicas, as quais perdurarão muito além da vida material.
De todos os institutos sociais da Terra, a família é o mais importante para o reencontro dos afetos e desafetos do passado. Receber nos braços um filho que a vida nos enseja é sempre uma bênção. Outrossim, não há união conjugal e formação da família terrena que não tenha raízes nos princípios da Lei de Causa e Efeito, sendo de suma importância a encarnação para o progresso do espírito.
Desde a época de Moisés, com o item 5º de Os Dez Mandamentos – “Não Matarás” – e da mensagem renovadora de Jesus, aprendemos a respeitar o direto de todos à vida. E aqui se pode questionar: Um argumento muito utilizado por aqueles que defendem a legalização do aborto é de que o embrião ou o feto ainda não possui vida, sendo apenas algumas células em desenvolvimento dentro do corpo da mãe. Então, quando ela começa?
A esse respeito, a questão nº 344 de O Livro dos Espíritos não nos deixa dúvida de quando ocorre a união do espírito ao corpo físico, iniciando a vida humana, ao esclarecer que: “desde o instante da concepção o Espírito designado para habitar certo corpo a este se liga por um laço fluídico, que cada vez mais se vai apertando até o instante em que a criança vê a luz.”
Deste modo, quando o espermatozoide encontra com o óvulo, no momento da concepção, fertilização ou fecundação, já há um organismo vivo, completamente diferente da mãe, com genoma próprio, isto é, outro espírito está iniciando seu desenvolvimento.
Podemos, com isto, ter a certeza que, em qualquer período que for interrompida a gestação, compreendido entre a união de gametas e o início do trabalho de parto, é considerado aborto, uma afronta às Leis de Deus.
Ao questionar ao Espírito da Verdade se consiste crime a provocação do aborto, Allan Kardec obteve a seguinte resposta, na questão 358 de O Livro dos Espíritos: Há crime sempre que transgredis a lei de Deus. Uma mãe, ou quem quer que seja, cometerá crime sempre que tirar a vida a uma criança antes do seu nascimento, por isso que impede uma alma de passar pelas provas a que serviria de instrumento o corpo que se estava formando.
E quais são, de acordo com o Espiritismo, as consequências desse ato para a mãe, o pai, o espírito que iria reencarnar, os aborteiros e até para os que o incentivam ou patrocinam?
Para os pais, enumeram-se as seguintes:
– Deixam de dar a chance ao espírito de encarnar;
– Perdem a oportunidade de receber um espírito querido (às vezes o qual fora seu pai, mãe, avô, bisavô) ou evoluído que, com o seu nascimento e presença, poderia encher de bênçãos e alavancar a evolução daquela família;
– Podem trazer, para si e seus familiares, obsessão e loucura, através da ira e vingança do espírito abortado;
– Estão sujeitos a graves quadros depressivos, diante da culpa que permanece gravada em suas mentes;
– Frustram os planos de Deus para eles, pois, após longo planejamento espiritual, finalmente receberiam aquele espírito como filho para exercitarem o amor, o perdão, enfim, evoluírem juntos;
– Fica a mãe, muitas das vezes, quando sobrevive ao aborto, impossibilitada de gerar outros filhos, através do comprometimento de seu corpo físico;
– O pai, em vários casos o mentor intelectual do crime, poderá sofrer, em uma existência posterior, a fragilidade do aparelho reprodutor, bem assim moléstias testiculares e distúrbios hormonais como reflexos do seu pretérito, que poderão levar, inclusive, à sua infertilidade;
– Apresentarão ambos, no plano espiritual, em diversos níveis, conforme o seu grau de responsabilidade, distonias fluídicas que comprometerão o seu perispírito.
Os aborteiros (sejam ou não profissionais da área médica) e os que incentivaram, de alguma maneira, a morte do nascituro:
– Terão comprometimentos em seus perispíritos;
– Poderão sofrer, assim como os pais, a obsessão por parte do espírito abortado;
– Sentirão, ainda, desequilíbrios físicos, emocionais e espirituais, nesta ou em outra existência.
Já para o abortado as consequências também não são menos sérias:
– É uma existência nulificada, que ele terá de recomeçar;
– Dependendo de sua evolução moral, serão gerados sentimentos de ódio, raiva, vingança, podendo o espírito rejeitado transformar-se em obsessor de todos os envolvidos no processo;
– Acarreta a deformação do seu perispírito, deixando-o, às vezes, parte adulto e parte criança;
– Traumatiza o espírito e lhe traz o medo de reencarnar;
– É muito difícil, para ele, compreender e perdoar os agressores.
E, além do aborto contra um feto que não teria problema congênito, o qual foi gerado de uma relação consentida entre um homem e uma mulher, existem outros três casos específicos a serem esclarecidos.
O primeiro se dá quando a concepção do ser que está sendo gerado foi em decorrência de um estupro. A este respeito, o que a Doutrina Espírita orienta?
Sobre o aborto na gestação decorrente de estupro, esclarece o Espírito Joana de Ângelis, no livro Após a Tempestade, psicografado por Divaldo Franco: “mesmo em tal caso, a expulsão do feto, de maneira nenhuma repara os danos já ocorridos (…) e, quase sempre, o Espírito que chega, através de circunstância tão ingrata, se transforma em floração de bênçãos sobre a cruz de agonias em que o coração feminil se esfacelou…”.
Como uma possível solução, nos casos de a “vítima” não ter capacidade para assumir a maternidade, e, ainda, na impossibilidade de aquela criança ser cuidada por sua própria família, pode-se sugerir que a mãe, após o nascimento do(a) bebê, realize a sua entrega ao Estado, que ficaria encarregado de providenciar pais adotivos para aquele ser inocente, o qual não teve participação e, muito menos, culpa pelo grave e repugnante crime ocorrido.
E quando o feto for diagnosticado como anencéfalo? Deve-se deixá-lo nascer?
Em termos legais, o Supremo Tribunal Federal, corte máxima para os assuntos constitucionais em nosso país, decidiu, no dia 12 de abril de 2012, por 8 votos a 2, que pode ser realizado o aborto do feto anencéfalo, sem autorização judicial, desde que esta situação reste comprovada pelo médico. O argumento central foi de que, além de o Brasil ser um estado laico, não devendo ser acolhida a interferência religiosa nas decisões judiciais, o feto anencéfalo não sobreviveria fora do útero.
Sobre esse tema, explicou o médium Divaldo Franco, nobre expoente de nossa doutrina consoladora, no livro Divaldo Franco Responde, volume 2: "É muito respeitável a colocação legal dos juízes que têm autorizado o aborto de fetos anencéfalos, porque não têm uma visão da realidade espiritual".
(…) O anencéfalo é alguém que destruiu a caixa craniana em momento de revolta pelo suicídio. Ele retorna com essa marca que o perispírito imprime na matéria para o renascimento. É uma expiação. A mãezinha que passa pela grande prova também lhe está vinculada. Não teria sido ela a corresponsável pelo seu suicídio anteriormente? Agora, os dois se reencontram de modo que ela possa contribuir para que aquele Espírito recupere a forma que destruiu por insensatez. Por que abortar, correr um risco de tal porte?
(…) Não cabe, do ponto de vista espiritual, a ninguém estabelecer a interrupção de uma gravidez, mesmo em se tratando de um anencéfalo.
(…) Qualquer justificativa tornada legal para matar será sempre imoral, porque, partindo-se desse exemplo, abre-se um precedente muito grave que poderá estender-se em direção a outras vertentes, sob a epígrafe de aborto terapêutico.
(…) Diante, portanto, da anencefalia ou deficiência de qualquer natureza, que a gestante aguarde um pouco, contribua com o amor para que esse ser se liberte e conquiste a felicidade. Se vier a nascer um natimorto, haverá expulsão natural, se morrer depois do nascimento, concluiu a sua prova, e ela desempenhou um papel de grande elevação perante as leis da vida.
E, por outro lado, como proceder-se quando a gestante está correndo risco de vida, em virtude da gravidez e há indicação clínica para a sua interrupção? Quem deve sobreviver? A mãe ou o(a) filho(a) que está sendo gerado(a)?
A pergunta 359 de O Livro dos Espíritos ensina: “É preferível sacrificar o ser que não existe a sacrificar o que existe”. Assim, salvando-se a vida da mulher, ela terá outra oportunidade de ter filhos e de trazer à vida física o Espírito ora candidato à reencarnação. Pode-se entender, daí, que tal circunstância nada mais é do que prova e resgate para pais e filhos.
Faz-se necessário frisar, que a Doutrina Espírita, além de desvendar e alertar a todos sobre os mistérios da vida, fazendo com que cada um assuma as suas responsabilidades sobre os próprios atos, tem, como função primordial e sublime, o amparo e o consolo a todos, encarnados e desencarnados.
Acrescenta-se, ainda, que o objetivo deste pequeno texto não é julgar e muito menos condenar ninguém pela prática do aborto. O que se pretende é, através do esclarecimento, evitar a execução deste grave erro, de consequências seríssimas, como, também, a sua legalização.
Quantos de nós, por exemplo, em inúmeras outras encarnações, já não podemos ter realizado um aborto? Quantos, também, fomos vítimas, espíritos abortados? Tudo depende do momento, do esclarecimento e da evolução de cada um. Não esqueçamos, pois, da máxima de Jesus: “Não julgueis para não serdes julgados!”.
Desta maneira, quando o aborto já foi realizado, o que fazer? Podem os pais amenizar todas essas consequências infelizes que a interrupção da vida fetal desencadeia? E, ainda, qual deve ser a conduta do abortado nessa situação?
A resposta para tal indagação está nos artigos 16 e 17 do Código Penal da Vida Futura, organizado por Allan Kardec e que dispõe o seguinte:
Art. 16. O arrependimento, conquanto seja o primeiro passo para a regeneração, não basta por si só, são precisas a expiação e a reparação.
Art. 17. O arrependimento pode dar-se, por toda parte e em qualquer tempo; se for tarde, porém, o culpado sofre por mais tempo.
Arrependimento, expiação e reparação constituem, portanto, as três condições necessárias para apagar os traços de uma falta e suas consequências.
Para o encarnado, é muito importante, além de arrepender-se sinceramente e tomar a atitude de mudança, o trabalho no bem; a prática incessante da caridade; a visita a orfanatos e creches, levando a palavra amiga e o sorriso fraterno; a súplica de perdão a Deus e ao filho abortado; e a prece sincera.
E, ao abortado, é preciso que este consiga compreender o momento aflitivo pelo qual seus pais estavam passando; entender que os seres humanos não são infalíveis e que cometem graves enganos; não guardar sentimentos de ódio e nem desejo de vingança; ter o firme propósito de perdoar; e conseguir aceitar, se for o caso, uma segunda chance de reencarnar naquele lar.
Queridos amigos leitores, peço licença para, em nome de Jesus, contar com a colaboração de vocês: se com estas reflexões conseguirmos evitar que apenas um feto seja assassinado e tenha a oportunidade ímpar de nascer e sorrir para um coração que lhe será caro, tudo terá valido a pena! Que o amado mestre Jesus nos abençoe, agora e sempre!
Perdão, o caminho para a felicidade e o equilíbrio
Marcelo Arruda
“Se perdoardes aos homens as ofensas que vos fazem, também vosso Pai celestial vos perdoará os vossos pecados. Mas se não perdoardes aos homens, tampouco vosso Pai vos perdoará os vossos pecados” (Mateus 6:14-15).
Perdão, segundo a doutrina espírita, é relevar as ofensas, vem do coração, é sincero, generoso e não fere o amor próprio do ofensor. Não impõe condições humilhantes, tampouco é motivado por orgulho ou ostentação. Assim, “o verdadeiro perdão se reconhece muito mais pelos atos do que pelas palavras”, conforme nos esclarece o item 15 do Cap. X, de O Evangelho Segundo o Espiritismo.
Em várias ocasiões em nossa vida, sentimo-nos ofendidos, agravados, afrontados, dependendo, é claro, do nosso grau evolutivo, emotivo e até do nosso estresse naquele momento específico, pois quanto mais evoluído for aquele a quem é direcionada a ofensa, menos ela será sentida por ele.
Outro aspecto relevante é que quando nos sentimos injuriados, nossa tendência é aumentar o fato que nos desagradou. Se fomos ofendidos por esse ou aquele motivo, encapsulamos a mágoa e cada vez que revivemos a situação que a provocou, sofremos o impacto como se o fato tivesse acontecido novamente, liberando substâncias químicas nocivas em nosso organismo, repetidas vezes.
Deste modo, mantemos a ligação mental com as forças poderosas das trevas, que somadas a outras tantas, potencializam sobremaneira a nossa ira e o desejo de vingança.
E quanto mais arraigados na certeza de que estamos sempre com razão, mais esforço será necessário para que despertemos para a real necessidade do perdão.
Surge aqui um questionamento: perdoar é esquecer?
Não. Perdoar independe de esquecer, pois possuímos a memória que registra todos os fatos, por isso quem perdoa não tem que necessariamente esquecer-se do agravo sofrido. O que é preciso, na verdade, é diluir a mágoa, a raiva ou o ressentimento que o fato gerou, ou seja, desligar-se, libertar-se, livrar-se do acontecimento, caso contrário o perdão será superficial ou até mesmo ilusório.
É importante também tentarmos entender o que ocasionou a ofensa. Muitas vezes, fomos nós os promotores dela, por algo que tenhamos dito ou feito.
Há casos e casos. O alerta ao agressor é uma conduta que, às vezes, torna-se até necessário, diante da postura descabida dele. Tal atitude não necessita assumir, no entanto, o caráter da agressão nem do revide, devendo sem dúvida ser manifestada para que o outro perceba as consequências inadequadas de seus atos, para que não volte a repeti-los.
Até porque é bom deixar claro que perdão não significa concordância com o erro. O bom senso nos demonstra que atitudes como perdoar e desculpar sem limites estimula o outro à prática do ato reprovável. Isto não é amor, mas conivência ou omissão.
Por outro lado, pesquisas modernas indicam que desenvolvemos muitas doenças, porque não conseguimos perdoar, isto é, cristalizamos nas mágoas os processos de vingança, através das ideias obsessivas, cujas causas se deslocam do campo íntimo em desarmonia, exteriorizando-se no corpo físico. Acrescentam elas que o ato de perdoar pode tranquilizar a tensão, reduzir a pressão sanguínea e diminuir a taxa de batimentos cardíacos. Perdoar, portanto, não é somente uma questão de conquista emocional e espiritual, é também uma questão de saúde, felicidade e da busca do equilíbrio.
Como um caminho a ser seguido por todos, temos a brilhante passagem em que Jesus teria dito: “Se contra vós pecou vosso irmão, ide fazer-lhe sentir a falta em particular, a sós com ele; se vos atender, tereis ganho o vosso irmão.” Aproximando-se dele, disse-lhe Pedro: “Senhor, quantas vezes perdoarei a meu irmão, quando houver pecado contra mim? Até sete vezes?” – Eis a resposta de Jesus: “Não vos digo que perdoeis até sete vezes, mas até setenta vezes sete vezes”.
Dessa forma, recebida uma ofensa dispomos na prática de duas soluções, a do Evangelho e a do mundo.
A primeira é grandiosa e nobre, verdadeiramente generosa, evitar com delicadeza ferir o amor próprio e os sentimentos do agressor, ainda que este último tenha toda a culpa.
A Sra. Mércia Aguiar, nossa mui digna Presidente do Grupo de Edificação Espírita – GEE e da Academia Espírita de Letras do Estado de Goiás – ACELEG e exemplo maior de indulgência, no livro Projetando Luz no Lar auxilia-nos a esse respeito:
Aquele que perdoa, transpõe os pórticos da espiritualidade, na morte do corpo físico, com a paz na consciência, a luz no espírito, o consolo no coração.
(…) O perdão deve ser oferecido na intimidade e no silêncio do ser, sem divulgação, apenas através do exemplo.
(…) Quem perdoa liberta o coração para as mais sublimes manifestações do amor que eleva e santifica.
A outra solução, infelizmente ainda muito usada, ocorre quando o ofendido ou aquele que assim se julga impõe ao ofensor condições humilhantes e o faz sentir todo o peso de um perdão que irrita ao invés de acalmar.
E quando este perdão deve ser exercitado? Tenho um prazo limite para fazê-lo?
O Evangelho de Jesus nos aconselha: “Reconciliai-vos, o mais depressa, com vosso adversário, enquanto estais com ele a caminho…”.
É importante, do ponto de vista de nossa tranquilidade futura, corrigirmos o mais rápido possível os erros que cada um tenha cometido contra seu próximo, perdoando aos inimigos, a fim de eliminar antes de desencarnar qualquer motivo de desavença, ódio ou rancor.
Desta maneira, de um inimigo enfurecido neste mundo, pode-se fazer um amigo no outro. Quando Jesus recomenda reconciliar-se o mais cedo possível com seu adversário não é apenas com o objetivo de eliminar as discórdias durante a atual existência e sim para evitar que elas continuem nas existências futuras.
Sendo assim, o melhor caminho a seguir é, sem sombra de dúvidas, buscar o maior exemplo de perfeição moral que Deus nos enviou: Jesus, guia e modelo para todos nós, como nos ensina a questão 625 de O Livro dos Espíritos, além de evangelizarmo-nos, buscando ser um Homem de Bem.
Transcrevemos para finalizar, queridos leitores, um alerta, principalmente para nós, espíritas, sobre o perdão, retirado do final do item 14 do Cap. X de O Evangelho Segundo o Espiritismo:
"Espíritas, não vos olvideis de que, tanto em palavras como em atos, o perdão das injúrias nunca deve reduzir-se a uma expressão vazia. Se vos dizeis espíritas, sede-o de fato: esquecei o mal que vos tenham feito, e pensai apenas numa coisa: no bem que possais fazer. Aquele que entrou nesse caminho não deve afastar-se dele, nem mesmo em pensamento, pois sois responsáveis pelos vossos pensamentos, que Deus conhece. Fazei, pois, que eles sejam desprovidos de qualquer sentimento de rancor. Deus sabe o que existe no fundo do coração de cada um. Feliz aquele que pode dizer cada noite, ao dormir: Nada tenho contra o meu próximo".
Que o amado mestre Jesus possa nos conceder todos os dias a oportunidade de perdoar e de sermos perdoados.
O que é (ou deveria ser) o natal?
Marcelo Arruda
No dia 25 de dezembro, comemora-se o Natal em grande parte do mundo. Para algumas pessoas, além de feriado, esta data é apenas mais um dia festivo, em que predominam o consumismo, a troca de presentes, a disputa pela casa mais iluminada, pela árvore de Natal maior e mais enfeitada e, é claro, muita comida e bebida na ceia de Natal.
O comércio investe em propagandas, reforçando a ideia de que a maior felicidade do Natal está associada unicamente a um belo e desejado presente.
Papai Noel, símbolo do Natal, é usado para incrementar a venda de produtos no final de cada ano, e o espírito natalino, deste modo, fica relacionado com a fartura da mesa e a quantidade de brinquedos e outros produtos que a pessoa possa ter em seu lar, ou seja, o culto ao materialismo.
Não queremos, com estas reflexões, incentivar ninguém a deixar de presentear as pessoas queridas e nem de deliciar-se com a ceia de Natal preparada com tanto carinho. Não é isso, de maneira alguma. Afinal, quem não gosta de dar e de receber presentes?
O que buscamos alertar é que, se não prestarmos a devida atenção, cairemos nas armadilhas do consumismo exacerbado, que dificulta a reflexão nesta data tão especial para a humanidade e faz-nos esquecer de que não somos os homenageados, nem a festa é nossa.
Qual é, então, o verdadeiro sentido do Natal para a Doutrina Espírita? O que esta data realmente significa?
O Natal, para nós, espíritas, tem um significado muito especial. Não é interpretado como uma data comercial, nem apenas como o nascimento de Jesus, mas como uma oportunidade de reflexão e renovação, em que o clima de fraternidade e alegria traz ânimo para as pessoas começarem um novo ano com mais consciência de si mesmas e com mais amor ao seu redor.
O espírito do Natal precisa ser entendido como o renascimento dos ensinos do Cristo em cada uma de nossas ações, na prática dos ensinamentos de nossa doutrina de amor, através da qual todos os problemas, todas as dúvidas e todas as dores são explicados à luz da razão e do bom senso.
Como exemplo de comemoração para o dia do Natal, sugerimos:
– fazer preces, agradecendo as bênçãos recebidas;
– refletir sobre o ano que passou e buscar caminhos, ainda melhores, para o ano vindouro, ligados aos interesses do Espírito imortal;
– comprometer-se com o autoaperfeiçoamento, através do combate aos sentimentos menos nobres;
– procurar onde está Jesus em nossa vida;
– cultivar fé, esperança e alegria, para seguirmos firmes em nossa caminhada evolutiva.
Enfim, como o dono da festa é ele, o amado Mestre Jesus, seguindo seus exemplos de simplicidade e amor, estaremos lhe dando, com certeza, o mais desejado presente.
Outro fator muito importante é que não há necessidade de esperarmos o ano todo, até o próximo Natal, para praticarmos exercícios de amor e de caridade, pois, se estivermos em sintonia com Jesus, a cada minuto de nossa vida, podemos espalhar a “Boa Nova” trazida por ele.
Trazemos para reflexão dos amigos leitores, desejando um Natal de muito crescimento espiritual e felicidade a todos, um emocionante poema, intitulado Canção para Jesus, de autoria da querida Meimei, retirado do livro Os Dois Maiores Amores, psicografado por Francisco Cândido Xavier:
DESEJAVA, Jesus,
Ter um grande armazém
De bondade constante,
Maior do que os maiores que conheço
Para entregar sem preço
Às criaturas de qualquer idade
As encomendas de felicidade,
Sem perguntar a quem.
Eu desejava ter um braço mágico
Que afagasse os doentes
Sem qualquer distinção
E um lar onde coubessem
Todas as criancinhas
Para que não sentissem solidão.
Desejava, Senhor,
Todo um parque de amor
Com flores que cantassem,
Embalando os pequeninos
Que se encontram no leito
Sem poderem sair,
E uma loja de esperança
Para todas as mães.
Eu queria ter comigo
Uma estrela em cuja luz
Nunca pudesse ver
Os defeitos do próximo
E dispor de uma fonte cristalina
De água suave e doce
Que pudesse apagar
Toda palavra que não fosse
Vida e felicidade.
Eu queria plantar
Um jardim de união
Junto de cada moradia
Para que as criaturas se inspirassem
No perfume da paz e da alegria.
Eu queria, Jesus,
Ter os teus olhos
Retratados nos meus
A fim de achar nos outros,
Nos outros que me cercam,
Filhos de Deus
E meus irmãos que devo compreender e respeitar.
Desejava, Senhor, que a bênção do Natal
Estivesse entre nós, dia por dia,
E queria ter sido
Uma gota de orvalho
Na noite em que nasceste
A refletir,
Na pequenez de minha condição,
A luz que vinha da canção
Entoada nos Céus:
– Glória a Deus nas Alturas,
Paz na Terra,
Boa Vontade em tudo,
Agora e para sempre!…
Marcelo Arruda
O livro Projeto Dois Corações, uma história verídica, que vale muito a pena ser lida, de autoria de nossa mui digna Presidente do Grupo de Edificação Espírita e, também, da Academia Espírita de Letras do Estado de Goiás – ACELEG, Sra. Mércia Aguiar, especificamente em seu capítulo 34, nos traz o alerta do venerável Mentor Alexandre, benfeitor de altíssima estirpe, a respeito de como estaria o planeta Terra, no momento presente. Ele assim ponderou, ainda no plano espiritual, a um grupo de espíritos afins que reencarnariam nesta época:
(…) a Terra passará por grande transformação e sofrimento (…) com o desrespeito da humanidade pelas leis soberanas da vida. Uma Sodoma e Gomora moderna se instalará, onde o culto ao corpo perecível será maior que o respeito pelo espírito eterno. Sexo e vícios serão normas de vida.
(…) Formações ovoides de espíritos trevosos irão invadir a Terra, devastando as mentes, os lares, as pessoas e os sentimentos.
(…) Matarão sem saber por quê. Jovens serão atingidos por essas larvas negativas, levando-os ao caos.
A civilização aureolada pelo avanço tecnológico, estará mais afastada da luz divina e só pensará em assuntos mundanos. A crise moral alcançará o seu apogeu. Chegará o dia em que a desonestidade será vista como virtude, e cada vez terão milhares de seguidores. Será um clima social dos piores.
E aqui estamos nós, neste momento de ebulição, de transformação do nosso planeta, vivendo num mundo violento, no qual o pensamento preponderante é o de acumular riqueza material, para suprir nossos caprichos e vícios diversos.
Desta forma, junto com o nosso orgulho e egoísmo acentuados, surgem os problemas de toda ordem: no lar, no trabalho, em nossa saúde, na relação com o nosso próximo, na família…
Então, indagamos aos leitores amigos: o que fazer? A quem pedir socorro? No que nos apoiar?
Jesus, com o seu exemplo, nos deixou os grandes ensinamentos do amor, da caridade, da renúncia e do perdão. E, ainda, prevendo o futuro de dores que chegaria, prometeu-nos, em seu último discurso aos apóstolos, outro consolador, para trazer todas as lições que ele não pôde nos ensinar quando esteve encarnado, pois não possuíamos o adiantamento necessário para tal mister.
Segundo as palavras de João (14:15-17, 26), Jesus afirmou: “Se vós me amais, guardai meus mandamentos; e eu pedirei a meu Pai e ele vos enviará outro Consolador, a fim de que fique eternamente convosco: – O Espírito de Verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê e não o conhece. Mas, quanto a vós, conhecê-lo-eis porque permanecerá convosco e estará em vós. – Porém, o Consolador, que é o Santo Espírito, que meu Pai enviará em meu nome, vos ensinará todas as coisas e vos fará recordar tudo o que vos tenho dito.”
Resta-nos, deste modo, uma esperança. E o que é, de fato, este Consolador Prometido?
A palavra “consolador” nos remete ao alívio da dor, ao conforto dos sofrimentos, das misérias, decepções, dores físicas, perdas de entes queridos, etc.
O Consolador viria dar ao homem o conhecimento de sua origem, da necessidade de sua estada na Terra e do seu destino, espalhando, para todos, a fé, a esperança e a alegria. Por outro lado, se viria para estar eternamente conosco, como dito por Jesus, ele não poderia apresentar-se como um ser encarnado, porque o corpo físico é perecível.
Assim, após a 1ª Revelação (Lei do Antigo Testamento, personificada em Moisés) e a 2ª Revelação (Novo Testamento do Cristo), a humanidade foi agraciada com o Consolador Prometido, ou 3ª Revelação, que é o Espiritismo, a nossa Doutrina Espírita.
Codificada por Allan Kardec (que foi escolhido para esta elevada missão, pela nobreza de seus sentimentos, elevação de seu caráter e grande inteligência), ela chegou ao mundo, convidando a todos para novos conceitos e despertando, em nós, a fé no futuro e a confiança na justiça de Deus, pois quando sabemos quem somos, o que viemos fazer na Terra, para onde vamos depois da morte, por que sofremos e quais as consequências de nossos atos, sem dúvida, procuramos viver melhor.
Por proceder de Espíritos sábios e bondosos, tendo passado, ainda, pelo rigor do método e o crivo do raciocínio (no qual tudo foi profundamente estudado, verificado e comprovado), a Doutrina Espírita, diante de seu compromisso com a verdade, preenche integralmente as condições de uma nova Revelação.
Como assinala o mestre lionês, o Espiritismo vem abrir os olhos e os ouvidos de toda gente, pois fala sem figuras, nem alegorias, e levanta o véu intencionalmente lançado sobre certos mistérios, fazendo-nos compreender o que Jesus só disse por parábolas.
Assim sendo, a nossa doutrina abençoada de amor, embasada no seu tríplice aspecto (da ciência, filosofia e religião), ensina-nos que Deus é a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas; explica-nos que a causa dos nossos sofrimentos é a simples reparação de faltas que nós cometemos no passado e, na maioria das vezes, estamos pagando à prestação, o que contraímos de uma única vez; convida-nos ao autoaperfeiçoamento, através do combate aos sentimentos menos nobres; auxilia-nos a aprender a perdoar; dá-nos uma fé inabalável no futuro; e, acima de tudo, concede-nos a paciência, a resignação, a coragem e a alegria para seguirmos em frente em nossa caminhada evolutiva.
Entretanto, para que ocorra, satisfatoriamente, o alívio de nossas dores, que Jesus e a Doutrina Espírita nos oferecem, é necessário colocar em prática os ensinamentos do Mestre, através do exercício constante do amor e da caridade (“amar ao próximo como a si mesmo”), qualidades morais muito bem explicadas e exemplificadas em O Evangelho Segundo o Espiritismo.
Nunca se esqueça, pois, que, independente de que problema estiver enfrentando e de qual situação estiver passando, sempre que precisar, busque Jesus!
Deixo, finalmente, para a nossa reflexão, uma mensagem do Espírito Francisco de Paula Vítor, da obra Quem é o Cristo?, psicografada por Raul Teixeira:
Perante toda situação da vida em que você esteja necessitando de um braço ou de um abraço que agasalhe o seu coração, busque Jesus. Jesus Cristo é aquele amigo que sempre espera a nossa decisão de buscá-Lo, de ir até Ele, abrindo mão de tudo o que nos agrilhoa no mundo a fim de nos aconchegarmos em Seus braços. Ele nunca nos indagará por que demoramos tanto. Esse dia da busca é também o dia da maturidade nossa e da aceitação do Senhor.
Já sabemos o caminho, agora só nos resta segui-lo.
Que Jesus nos abençoe agora e sempre!
Construindo a paz no lar: qual é a minha responsabilidade
Marcelo Arruda Camargo
“Compras na terra o pão e a vestimenta, o calçado e o remédio, menos a paz. Dar-te-á o dinheiro residência e conforto, com exceção da tranquilidade de espirito. Eis porque nos recomenda Jesus venhamos a dizer, antes de tudo, ao entramos numa casa: ”paz seja nesta casa”.
A lição exprime vigoroso apelo à tolerância e ao entendimento.
No limiar do ninho doméstico, unge-te de compreensão e de paciência, a fim de que não penetres o clima dos teus, à feição de inimigo familiar.
Se alguém está fora do caminho desejável ou se te desgostam arranjos caseiros, mobiliza a bondade e a cooperação para que o mal se reduza.
(…) Recebe a refeição por bênção divina.
Usa portas e janelas, sem estrondos brutais.
Não movas objetos, de arranco.
Foge à gritaria inconveniente.
Atende ao culto da gentileza.
Há quem diga que o lar é o ponto do desabafo, o lugar em que a pessoa se desoprime. Reconhecemos que sim; entretanto, isso não é razão para que ele se torne em praça onde a criatura se animalize.
(…) Todos anelamos a paz do mundo; no entanto, é imperioso não esquecer que a paz do mundo parte de nós.”
Caros (as) leitores (as), este poema do espírito Emmanuel intitulado Paz em Casa (cap. 108 do livro Palavras de Vida Eterna), psicografado por Chico Xavier, faz-nos refletir sobre a nossa conduta no lar.
A família, instituto abençoado, na qual, seus integrantes devem viver em harmonia e se ajudarem mutuamente, na atualidade se encontra em grande desequilíbrio, o que atinge toda a sociedade.
O indivíduo vive num dilema, não quer afastar-se das tentações e vícios mundanos, e, assim, o relacionamento com os entes queridos vai ficando para segundo plano, por não sobrar tempo para eles. O que fazer para acomodar tudo isso e termos paz no lar?
A responsabilidade pela desarmonia familiar pode ser de qualquer membro da familia que não se preocupe em desempenhar de maneira satisfatória seu exato papel, pois o lar harmonioso é aquele em que cada um desenvolve os valores morais e coloca em prática os ensinamentos do Cristo, sem onerar os outros, esforçando-se em prol de um objetivo comum.
O casal, como elo maior na corrente chamada família, deve ser o primeiro a harmonizar-se, dando o exemplo para os outros integrantes da casa, fazendo-se imprescindível a tolerância entre todos, a caridade ao ajudar o ente querido nas execuções das tarefas domésticas, o carinho ao cuidar dos filhos confiados por Deus e a sabedoria para lidar com os limites dos familiares.
Quando os cônjuges são unidos na fé, praticam o culto do Evangelho no lar e buscam os ensinamentos da Doutrina Espirita, praticando-os efetivamente em seu cotidiano, cria-se um clima favorável, com boas vibrações, para que a pacificação se instale no núcleo familiar e se espalhe entre todos.
Como valiosa dica para auxiliar-nos a combater o orgulho e o egoísmo, que tanto nos impede o crescimento moral e espiritual, cito um breve trecho retirado do maravilhoso livro Projetando Luz no Lar, de autoria da Sra. Mércia Aguiar, que é um verdadeiro farol na vida das famílias:
“A necessidade de estar sempre com a razão pode ser um entrave para alcançar a felicidade. É preciso respeitar a opinião dos familiares, ouvindo-os com serenidade, mesmo que não se concorde com o que está sendo exposto.
(…) Nestes conflitos, o melhor é fazer uma avaliação sincera para se certificar quem é o menos errado. A sabedoria determina que: deves pedir a Deus que o ajude a ser humilde, sabendo ouvir os outros e reconhecendo a sua própria imperfeição.”
Reflitamos sobre isso. Ao procedermos assim, a maior parte do caminho rumo à harmonia e à paz já terá sido galgada.

