Artigos de
Eleci Correa de Paula Rodrigues
Eleci Correa de Paula Rodrigues
O objetivo deste texto é refletirmos sobre a preservação da nossa vida enquanto encarnados.
Quando falamos em suicídio, logo imaginamos alguém colocando fim a sua vida física através de envenenamento, tiro na cabeça ou na boca, corte nos pulsos, enforcamento, etc., é o que chamamos de SUICÍDIO DIRETO OU CONSCIENTE.
Mas nos esquecemos que, há um suicídio lento e silencioso, que chamamos de SUICÍDIO INDIRETO OU INCONSCIENTE. Este, é o que mais mata. O suicídio indireto, é quando aniquilamos lentamente nosso corpo físico, através: DA IRRITAÇÃO (causadora de distúrbio circulatório, como entupimento de veias do coração); CALMANTES (a busca da tranquilidade artificial); ALUCINÓGENOS (a busca da euforia ilusória através da maconha, cocaína, bebidas alcoólicas, etc.); O VÍCIO MENTAL COMO OS HIPOCONDRÍACOS (que de tanto imaginar doença, ficam doentes); OS MELANCÓLICOS (adoecem porque a parte psicológica está em baixa); OS MALEDICENTES (se envenenam com o mal que julgam identificar nos outros); OS REBELDES (os eternos inconformados com a vida); OS APEGADOS A FAMÍLIA E BENS TERRENOS (passam a vida preocupados em ter, em cuidar, em não perder, em não deixar ninguém lhe passar a perna); OS EXCESSOS (à alimentação, ao cigarro, ao sexo desregrado, à bebida alcoólica).
Como vemos, as formas de suicídio são grandes. André Luiz, através da psicografia de Chico Xavier, explica que poucos de nós são completistas, ou seja, nascemos com uma estimativa de vida e, com os abusos, desencarnamos antes do previsto.
E conta também, no livro “Nosso Lar”, seu sofrimento ao desencarnar, porque foi um suicida indireto. Sua desencarnação ocorreu porque todo aparelho gástrico foi destruído à custa de excessos de alimentação e bebidas alcoólicas. E a sífilis devorou-lhe energias essenciais para a recuperação pós-operatória. E, no tempo atual, infelizmente, observamos o aumento do auto aniquilação pelas drogas como: maconha, cocaína, heroína, crack, bebidas alcoólicas (esta já é liberada), etc. Há muitos problemas causados pelo uso de drogas, e muitos são os tipos de morte. A mais conhecida é a overdose, porque o organismo se adapta aos efeitos da droga, implicando a necessidade de aumentá-la para continuar obtendo resultados semelhantes. Muitos defendem a droga dizendo: “Não estou prejudicando ninguém. A vida é minha e eu faço o que quero com ela.” Este discurso egoísta, mostra total ignorância no assunto.
O dependente de drogas, geralmente, envolve a família, a sociedade e torna-se envolvido com a criminalidade, pois quando este fica sem condições financeiras para adquiri-la, a consegue com o traficante, através do sistema de comissão nas vendas; sem contar pequenos e grandes furtos, assaltos, muitas vezes, seguidos de mortes, etc. Chegam a matar familiares para obter algo que possam vender e sustentar seu vício. E com isso, traficantes se fortalecem, matando vidas de maneira direta ou indireta, desagregando famílias e desequilibrando a sociedade.
Se todos acreditassem na reencarnação, saberiam que a vida não começa no berço, não acaba no túmulo e que a lei é de Causa e Efeito. Consequentemente, abusariam menos da lei divina. Então, quando maltratamos nosso corpo físico, geralmente, ressarciremos o mal causado através de doenças, assim como desfrutaremos da saúde se dela cuidarmos. Aquilo que causamos, de bom ou de mal, a nós, ao próximo ou a qualquer fruto da criação divina, sentiremos o efeito, nesta ou em outra encarnação. Por exemplo: o usuário de cigarro lesa vários órgãos do corpo físico, um deles é o pulmão. Este órgão, então, se foi o mais lesado, poderá desencadear problemas pulmonares. Se isto não ocorrer nesta encarnação, numa próxima, poderá vir sensível a doenças como: câncer, asma, bronquite, etc.
Os que não abusam da saúde e tem várias doenças estão, provavelmente, colhendo o que plantaram. E os que abusam da saúde e passam pela vida saudáveis, estão plantando. Se assim não fosse, Deus seria injusto. Por exemplo: Como pode uma criança nascer precisando de transplante de fígado e, um adulto usuário de bebidas alcoólicas ser saudável? Como dissemos, um está colhendo (porque a criança é um Espírito velho em corpo novo), e o outro está plantando (o adulto). Como nos foi avisado: “O plantio é livre, mas a colheita é obrigatória”.
A impaciência é outro vício grave. Falta de caridade para consigo mesmo. Por isso, afirmava Jesus: “Bem-aventurados os mansos, porque possuirão a Terra” Isso quer dizer que o homem sereno desfruta o privilégio de mais extensa vida no corpo.
O suicídio indireto é, muitas vezes, praticado pelos cultores da intemperança mental. Em muitas ocasiões, basta um momento de indisciplina e a morte surge por nonadas.
Existem venenos que agem gota a gota. Devemos nos conduzir de modo a não nos exceder em atitudes superiores à própria resistência, nem se confiar a intempestivas manifestações emocionais, que criam calamitosas depressões. O abuso das energias corpóreas também provoca suicídio lento.
Temos que distinguir no sexo a sede de energias superiores que o Criador concede à criatura para equilibrar-lhe as atividades, sentindo-se no dever de resguardá-la contra os desvios suscetíveis de corrompê-la. O sexo é uma fonte de bênçãos renovadoras do corpo e da alma.
Alimentar-se em excesso e evitar a ingestão sistemática de condimentos e excitantes, buscando tomar as refeições com calma e serenidade, é um ato de amor e caridade para conosco. Grande número de criaturas humanas deixa prematuramente o Plano Terrestre pelos erros do estômago.
Sempre que nos seja possível, devemos respirar o ar livre, tomar banhos de água pura e receber o sol farto, vestindo-se com decência e limpeza, sem, contudo, prender-se à adoração do próprio corpo. Critério e moderação garantem o equilíbrio e o bem-estar.
Por motivo algum, devemos desprezar o vaso corpóreo de que dispomos, por mais torturado que ele seja. Na Terra, cada Espírito recebe o corpo de que precisa.
No livro A Vida Escreve, psicografia de Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira, pelo espírito Hilário Silva, temos a seguinte história:
“A sessão terminou e todos exaltaram a excelência dos conceitos ouvidos. E Fraga, o contador de vários estabelecimentos comerciais, coçando nervosamente a cabeça exclamou risonho:
– Tão bons conselhos! Tão bons conselhos!
No outro dia, porém, o mesmo Fraga, entre os livros do escritório, no calor da tarde, via-se atarantado. Leve mosca zombava dele, procurando-lhe a calva. O zeloso contador tentava alcançá-la com um tabefe, aqui e ali, mas nada. À maneira da personagem de Pedro, castigava improficuamente a si mesmo. Sentindo que ela se alojava, provavelmente pela vigésima vez, entre os seus raros cabelos, bateu fortemente no próprio crânio. A pancada, no entanto, fê-lo cair. Socorro. Aflição. Ocorrera a ruptura de vaso importante no cérebro, e Fraga, em poucas horas, se viu desencarnado.
Quando acordou, espantado, no regaço do piedoso Jerônimo, ao conhecer a própria situação, gritou, afobado:
– E agora, meu Deus? Que fazer?
O amigo espiritual, todavia, informou calmamente:
– Você já se encontra fora do corpo de carne há dois meses, mas apenas agora toma acordo de si. Já estudamos seu caso. Você estava avisado quanto aos perigos da impaciência e caiu, mesmo assim, no conto das moscas. Suicídio indireto, meu caro, suicídio sem nenhuma razão de ser. E você ainda dispunha de onze anos pela frente para trabalhar junto aos homens.
– E agora? Que faço?
O benfeitor espraiou o olhar pela casa de socorro terrestre em que se achavam e esclareceu:
– Já expliquei o problema aos nossos Maiores. Pela vida correta que você levou, decerto não merece o pavor das regiões abismais. Mas também não está habilitado para subir. Ficará aqui mesmo.
– Aqui, onde? – Indagou Fraga, assombrado.
– No hospital onde estamos.
– Com que fim?
– Ajudando aos enfermeiros…
– E fazendo o que?
Sem sorrir, Jerônimo explicou simplesmente:
– Aprendendo a ter paciência, você ficará durante algum tempo a espantar moscas…
Se o nosso corpo é o templo sagrado do Espírito, valorizemos então este instrumento único e tão valoroso, sem o qual nosso Espírito não tem como continuar sua caminhada evolutiva.
Que o amado Mestre Jesus abençoe a todos nós e ilumine nossas mentes, para que cada vez mais tomemos consciência da importância de nos amarmos, preservando nossa vida e permitindo assim, que possamos cumprir nossas tarefas, designadas cuidadosamente a cada um de nós pela Espiritualidade Superior, com o objetivo único de promover a nossa evolução espiritual.
Que assim seja.
Que Jesus nos ilumine e nos inspire através dos seus anjos e santos, a tomar o caminho certo.
Eleci Correa de Paula Rodrigues
“Saber é o supremo bem e todos os males provêm da ignorância” (Leon Denis, No invisível, cap. 22).
Com base nessa assertiva podemos concluir que a falta do saber é um mal, ou conduz a ele. E, os Anjos do Senhor nos afirmam que o homem é mais ignorante do que mau, que todos somos carentes de amor e instrução, e que estudar e servir são rotas inevitáveis em nossa ascensão espiritual. Assim sendo, a mais relevante recomendação que nos fazem é justamente no sentido de conquistarmos a sabedoria e a bondade, como asseverou o Espírito da Verdade: “Amai-vos e Instruí-vos”.
A sabedoria é benção que não chega total e completa para ninguém. Trata-se de um empreendimento de longo e demorado curso, que se origina interiormente e se expande preenchendo os espaços mentais e emocionais do ser.
Esse potencial encontra-se em germe em todos os indivíduos, aguardando os fatores que lhe propiciem a exteriorização das possibilidades ocultas, que se transformarão em atitudes e comportamentos superiores.
Semelhante a uma semente, é invisível o seu resultado, que só o tempo revela e permite crescer, alcançando a finalidade de sua essência.
O ser humano, em sua juventude, quando irrompem as energias dominadoras, a arrogância predomina em sua natureza, tornando o indivíduo, muitas vezes, exigente, intolerante, agressivo. Com o passar do tempo, no entanto, as experiências vão trabalhando o caráter com paciência, e a sabedoria se apresenta nas suas primeiras manifestações, que podem ser identificadas como humildade, gentileza, compreensão e tolerância.
Essa transformação ocorre no ser interior, que se torna compassivo e generoso, por compreender que as criaturas são diferentes e transitam em níveis de desenvolvimento intelecto-moral muito diversificado.
Muitas vezes, essa transformação é dolorosa, porque exige humildade e coragem para reconhecer-se quando se está errado e se devem pedir desculpas. Entretanto, todos erram, aprendendo por meio das experiências perturbadoras, como não reincidir no desequilíbrio.
Essa imaturidade psicológica, porém, tem dificuldade em reconhecer os próprios equívocos e teimosamente busca defendê-los mediante recursos pouco lisonjeiros. Contudo, quando se vai despojando das injunções da ignorância e da presunção, descobre a felicidade de ser autêntico, de poder identificar os enganos e repará-los, não se afligindo com a aparência, que é sempre secundária no seu processo de crescimento interior.
Conhecendo os desafios que teve de enfrentar e os que ainda surgirão pelo seu caminho evolutivo, não exige transformações morais nos outros, nem se esquiva de crescer sempre.
A sabedoria aumenta na razão direta em que a consciência humanista se desenvolve e percebe a finalidade de sua existência no mundo.
Ser sábio não se fundamenta apenas no grau de informação ou de conhecimento que temos sobre a vida terrena.
Muitas pessoas cultas não são sabias, apesar de ostentarem um ar de superioridade intelectual.
Ninguém nasce sábio, mas apenas portador da sua semente. Valorizando o tempo e suas lições, o homem e a mulher que ambicionam o desenvolvimento da semente que conduzem no íntimo, utilizam-se bem de cada instante que lhes é concedido para aprender, para ensinar para melhorar a própria condição, bem como a qualidade de vida a que se entregam.
A sabedoria sorri enquanto a presunção e o conhecimento tolo se exibem, porque superficiais, logo se esvanecendo diante das questões profundas da existência humana e da realidade do ser. Infelizmente, mesmo ignorando esse processo de crescimento, que é natural e automático, as criaturas humanas dão-se conta da necessidade de buscarem o aperfeiçoamento moral e espiritual, a fim de se tornarem plenas.
A plenitude é meta que se deve alcançar e que se encontra inserida em todos os seres pensantes.
A sabedoria busca sempre horizontes mais amplos até perder-se na infinidade, sem afastar-se da realidade em que se deve fixar. Logo depois, o conhecimento que decorre do estudo, da observação, dos diálogos, da reflexão e do aprofundamento no conjunto das informações, encarrega-se de esclarecer o indivíduo que, amoroso, empreende a marcha do saber para ser livre encontrando a verdade.
O amor desempenha um papel fundamental para a conquista da sabedoria. Por meio dele os sentimentos se ampliam, abraçando os demais seres encontrados pela frente e não deixando pegadas de amargura ou de ressentimento pelos caminhos percorridos.
No livro “Os Prazeres da Alma”, o autor Hamed nos mostra o que precisamos aprender e analisar sobre o amor, que também é um potencial que está contido no ser humano. É um fenômeno natural a ser despertado por todos, e não simplesmente algo pronto e guardado nas profundezas da alma, esperando ser descoberto por alguém a qualquer momento.
O amor está na naturalidade da vida de cada um. É uma capacidade a ser desenvolvida, como sabedoria. Um dia, amar será tão fácil como respirar em uma atmosfera pura ou saciar a sede na água translúcida.
Amar é uma forma básica de bem viver. Nossas estruturas íntimas estão alicerçadas no amor. Sem amor tudo fenece.
Segundo o apóstolo João: “Deus é Amor. Aquele que permanece no amor permanece em Deus e Deus permanece nele.”.
Quando a humanidade aprender a amar, todos nós nos reuniremos em torno de uma só religião – O Amor. Aliás, a única religião professada por Jesus Cristo. Amar a Deus, amar ao próximo, amar a nós mesmos. Essa é a mais pura essência dos ensinamentos do Mestre.
Mesmo aquele que tem pouco amor em seu coração já possui uma pequenina chama que lhe ilumina o caminho nas tempestades escuras da existência humana. A luz de simples vela na escuridão da noite pode nos guiar seguramente, e por que não, também auxiliar os outros companheiros do cominho?
O verdadeiro amor é sempre respeitoso e abrangente, totalmente diferente da atitude possessiva e limitada dirigida apenas à parentela consanguínea. No “amor real”, nós desejamos o bem da outra pessoa e nos alegramos com sua evolução; no “amor romântico”, nós desejamos a pessoa e nos vestimos com o manto da possessividade. Por não amarmos, é que a indiferença e o desprezo vigoram no seio da sociedade.
No livro “Pensamento e Vida”, Emmanuel nos ensina que “Através do amor valorizamo-nos para que a vida, e através da sabedoria somos pela vida valorizados”. Esclarecendo-nos ainda, que bondade sem conhecimento é como um poço que mata a sede do viajante, mas não tem poder de lhe ensinar o caminho certo; e a inteligência sem o amor assemelha-se a um poste no qual se pendura um aviso, informando ao viajante o rumo a seguir, sem auxiliá-lo, no entanto, a matar a própria sede. Daí a necessidade de marcharem juntas a inteligência e a bondade. O problema é que, ainda hoje, amor e instrução não atuam em concordância, gerando intermináveis conflitos que infelicitam nossa vida. Informa-nos também que “A educação, com conhecimento e bondade, saber e virtude, não será conseguida tão só à força de instrução, que se imponha de fora para dentro, mas sim, com a consciente adesão da vontade que, em consagrando ao bem por si própria, sem constrangimento de qualquer natureza, pode libertar e polir o coração, nele plasmando a face cristalina da alma, capaz de refletir a Vida Gloriosa e transformar, consequentemente o cérebro em preciosa usina de energia superior, projetando reflexos de beleza e sublimação.”.
Por oportuno, lembramos também as sábias palavras de Francisco Cândido Xavier: “Na ignorância não conseguiríamos, como não conseguiremos, enxergar o caminho real que Deus traçou a cada um de nós na Terra. Todos nós, sejamos crianças ou jovens, adultos ou muitíssimos adultos, devemos estudar sempre… Mas, não podemos viver tão somente da inteligência. Precisamos de amor para sobrevivermos a todas as calamidades necessárias ao processo evolutivo em que todos estamos envolvidos na Terra.”
Portanto, considerando que a ignorância é apenas uma grande noite que cederá lugar à sabedoria, usemos o tesouro do amor, em todas as direções, e estendamos o bem por toda parte.

